sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ilustre desconhecido não-descolado

Algumas das melhores do diálogo entre William Miller e Lester Bangs(o sempre perfeito Philip Seymour Hoffman) em "Quase Famosos":

"And while women will always be a problem for us, most of the great art in the world is about that very same problem. Good-looking people don't have any spine. Their art never lasts. They get the girls, but we're smarter."

"Yeah, great art is about conflict and pain and guilt and longing and love disguised as sex, and sex disguised as love..."

"I'm always home. I'm uncool."

"The only true currency in this bankrupt world if what we share with someone else when we're uncool."

essa última, bah, eu que sei... ombros amigos pra chorar são alguns dos momentos mais lindos e decrépitos possíveis

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cartão vermelho para Suplicy

Xilique do senador Eduardo Suplicy: http://tinyurl.com/lhv9p4


tão impagável quanto o do Collor... resta saber se o vermelho do cartão é o vermelho do PT ou se ele vale contra a direção do PT também

back to black

Pra compensar o documentário sobre a cultura negra no Brasil e na África esdruxulamente e exageradamente espiritual da aula de Estudos Socio Políticos Econômicos Brasileiros, que tinha o Gilberto Gil como entrevistador e a família Buarque de Holanda no roteiro e direção, me alegrei assistindo algo africano e muito mais interessante chegando em casa.
Era o filme "Goodbye Bafana" ou na tradução "Mandela- Luta pela Liberdade". Puta filme legal, sem churumela e exageros e muito boa história.
Ricomêindu para todos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um breve conto para os sonhadores

Os dois acabam seus cigarros, jogam as bitucas no chão. Ela deixa a sua acesa e observa a brasa se apagar, enquanto ele se certifica de pisar e esmigalhar a última ponta da sua bituca. Terminada a chama, ela encara ele:

- Não vamos voltar lá pra dentro.

Ele dá uma última olhada pra casa de shows com seus vidros escuros que estão vibrando no ritmo dos acordos distorcidos de alguma guitarra que abafa qualquer tentativa do vocalista produzir algum som com suas cordas vocais. Ninguém pode dizer que o homem lá dentro com sua boina não tentava se fazer entender. Ao menos pulava e fazia um teatro satisfatório do velho rock n' roll. Nada disso tudo animava ele para voltar lá pra dentro.

- Apoio. - disse ele

Começam a caminhar e se afastar do lugar, indo em direção à esquina escura. Dobrando-a, podia se ver a luz focada e esparsa dos postes ao longo da comprida rua que se apresentava diante dos dois. A garoa presente só se tornava algo visível ao olho quando entrava no campo de luz das lâmpadas amarelas que a prefeitura insistia em não trocar por algo melhor. Era possível ver o ar quente sair pelas próprias bocas e se chocar com o frio mediano do ar na penumbra. A fumaçinha surgia e se esvaecia rapidamente.
Ele tenta olhar pro caminho à frente e de tempos em tempos dava uma espiada na expressão facial dela. Ela caminhava com a vista fixa no chão.
Em um determinada instante, ela levanta juntamente com o momento de uma suspirada forte. A fumaçinha demora mais tempo para se desfazer no ar. Ela vira a cabeça e olha nos olhos dele.

- Tá frio pra caralho.

- Nem tanto assim. - tentando não dar muita atenção à frase banal dela.

Com uma voz um pouco vacilante ela diz:

- Posso andar abraçada contigo? - os pouco confiantes olhos dizendo um "por favor" semi-mudo, focando nos olhos dele.

Agora ele destina uma olhada pra ela, acompanhada de um sorrisinho tranqüilo que some tão logo surgiu.

- Pode sim. - respondendo olhando para a frente de novo.

Ela se aproxima para entrar por debaixo do lado direito do casaco dele. Ele abre o braço para facilitar o aninhamento dela embaixo de sua asa de couro sintético. Ela se encosta contra ele e ele relaxa o braço sobre ela. Caminham mais uns passos. Ela novamente cabisbaixa. Começa a acompanhar os pés de ambos. Esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda, direita.
Quando contar os passos se torna muito agoniante, ela decide passar o braço esquerdo em volta do quadril dele. Para a mão pela barriga dele. Aperta-se um pouco mais contra ele. Ele mexe seu braço também, o olhar no caminho torna-se um tanto vacilante. Ele corta o movimento no meio do caminho, contendo-se. A vista ainda fixa na rua à frente. Tenta manter a indiferença.
Se ela não estivesse olhando o chão, veria que as narinas dele, agora mais dilatadas e bufantes, transpassavam aquela agonia agri-doce típica. No fundo ela não precisava desses detalhes fisiológicos. Sabia muito bem como ele se sentia e como o corpo dele reagia biologicamente à isso.

Ela para de olhar as deformidades da calçada abaixo dos pés e levanta a cabeça. Olha nos olhos dele.

- Como tu ainda tem essa fixação por mim? - ela fala agora com uma agonia. Agonia dela de não entender e querer respostas.

Nesse momento é ele que solta um suspiro. Também relaxa mais a musculatura. Deixa-se solto o suficiente para terminar o movimento do braço que queria ter concluído antes. Os olhos se voltam pro chão. O braço dele envolto na cintura dela.

- Tu sabe como eu te am... - ele consegue olhar nos olhos dela - Te acho uma pessoa maravilhosa. Tu devia se achar também.

- Hmpf - ela volta a olhar o chão - Eu não ser tudo isso. Não pra tu ficar sentindo isso esse tempo todo. Sério, como tu consegue? - ela suplicante pela resposta da questão.

- Porra, tu é tão perfeita pra tudo que importa pra mim. Tudo o que tu quer fazer ou dizer eu acabo achando o máximo. E o teu jeito de falar... tem algo ali que bate comigo, não sei. Eu já sei o que tu quer dizer quando tu ta na 3ª palavra! Isso tem que ser alguma coisa. Eu não sinto coisas assim com mais ninguém.

- Mas que adianta tu me entender e gostar do que eu faço e digo, e do jeito que eu sou se tu não entende que eu não consigo sentir essas coisas por ti. Eu também gosto do que tu e do teu jeito pra certas coisas, mas eu não consigo sentir essas coisas no mesmo nível.

Ela olha para o chão. Os olhos quase chorosos:

- Que merda, e eu sei que tu me ama muito e seria o cara perfeito pra mim. Mas sei lá, não dá. Parece que vou ta te enganando.

Ela volta os olhos meio molhados para os dele:

- Seria tão mais fácil se eu me apaixonasse por ti. - volta o olhar pro chão, agora fechando-os por causa de uma súbita mistura de raiva de si mesma e um cansaço - Puta, por que essas coisas não dão certo?

Ele tem mais vontade de chorar do que ela, mas trancao pranto o melhor que pode. Aperta mais ela contra o corpo dele.

- Eu adoro até os teus defeitos. - ele volta-se para o caminho, pra se concentrar e não balbuciar no meio de uma frase. - Eu gosto porque eu entendo, eu tenho até os mesmo. Eu tenho uma indecisão crônica do que fazer da vida. "Como ganhar dinheiro?" "Como ser feliz e com um emprego bom?"
Eu tenho essas mesmas nuances de humor. Eu fico me auto-depreciando. Quero fazer muita coisa e tenho ao mesmo tempo muita preguiça.

Ele olha nos olhos dela e segue:

- Ah, nós temos esses mesmo livros não lidos na prateleira. - ela sorri um pouco. - E os mesmos cd's atirados em algum pilha. - os dois sorriem um tanto agora. Pausa e ele segue. - No fim, o que nós dois temos são os mesmos "dodóis".

- Poxa, tu que é maravilhoso. Eu não te dou bola, não te dou nada em troca e tu continua andando comigo. O que tu ainda espera de mim?

- Eu no mínimo sonho com o dia em que tu me abrace sem ter o constrangimento de me pedir antes.

o que odeio/adoro no balanço do fim de semana/início da semana

Eu adoro quando tu faz piadas sem graça. Com álcool no sangue ou não.
Eu adoro quando vocês me dão um tanto de atenção e mostram que se importam comigo.
Eu adoro quando posso ajudar na gravação de um curta-metragem.
Eu adoro poder ficar sozinho em casa.

Eu odeio pensar que amanhã não estarei sozinho em casa
Eu odeio quando tenho que estudar marketing ao invés de iluminar uma porta de garagem em um curta chamado "Garagem".
Eu odeio quando tenho do meu lado pessoas que acham que entendem de tudo, me criticam e eu sou bonzinho demais a ponto de não querer criticar de volta a estupidez.
Eu odeio quando tenho que ficar longe de ti. Com álcool no sangue ou não.




Me deixem em paz curtir o resto do meu tempo sozinho em casa, afogando mágoas em Amarula, Lucky Strikes e Boris Kazoy

notícias de última hora da guerra particular

Dá-lhe Fidel! Hoje 1ª vez na TV há tempos. NOT!

Dá-lhe Suplicy! Fora Sarney! (só é mais legal quando ele canta Bob Dylan ou Cat Stevens)

Dá-lhe Marina Silva! Dá-lhe PV!
Quero muito ver FHC no documentário defendendo a maconha. Só falta ele entrar no PV. Free yourselves from mental slavery. Abram as portas de percepção por favor!

Homo Porcus

O porco é o animal mais desrespeitado pela humanidade:

1) Judeus (malditos!) não gostam de porco. Eles não podem comer.

2) Islâmicos (booom!) não gostam de porco. Eles não podem comer.

3) Comunistas não gostam de porcos (capitalistas)

4) Maconheiros não gostam de porcos. "oh os porco chegando aí!"

5) George Orwell não gosta de porcos na sua fazenda de bichos

6) Eu não gosto de porcos. Só bem passados



E eles tem o organismo mais próximo dos seres humanos. Por que não me surpreendo?

Somos todos porcos. Nos odiamos.




Oinq oinq oinq, cadê minha lama boa? Só no Senado?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

X, Y e Z

Sabe, ser parte da Geração X e Y não é tão ruim assim. Desde cedo (supostamente) sabemos que somos perdedores em potencial. E não nos decepcionamos com um futuro que não foi aquela "brastemp" que imaginamos. Vejo cada vez mais que os sonhadores babyboomers foram longe demais. Incitaram direta ou indiretamente uma maléfica Guerra Fria, esperavam que o mundo iria mudar(mudou, mas não no sentido que queriam), imaginaram a união perfeita.

Bem longe dessa visão idealizada e romântica, se observa que sequer o número de casamentos daquela geração se mantém. As uniões da almejada liberdade sexual, seja na quantidade ou qualidade, não mantiveram os laços que se pretendiam. Escolher o parceiro certo não adiantou de muito. Se na época era a proclamação do sexo livre, hoje esses mesmos casais nem trepam mais por não aguentarem se olhar na cara. Nunca houve tantas separações. Recomendo a mini-série da Globo("monopólio!" como diria o pessoal do Edir Macedo) "Queridos Amigos". Ela mostra um bom quadro desse geração que na teoria foi longe e na prática nem tanto.

Oh, que tempo bom que não volta nunca mais! Onde casamentos eram arranjados, cada parte ficava na sua e se contentava com aquilo(não existia sequer a noção de que poderia haver coisa melhor, diferente dos posteriores sonhadores).
Acho que o povo brasileiro deve aproveitar essa onda indiana da novela e promover casamentos de interesse entre as famílias. Só sempre nas mesma castas, are bába!

Nah, não se preocupem, essa minha última manisfestação foi o meu Adolph Hitler interior se manifestando. Sei bem que as pessoas eram (quase) igualmente angustiadas com o matriomônio naquela época e traições eram até bem aceitas, o que denota uma mentalidade detestável da época. Se não fosse ruim lá, não haveriam Janes Austens da vida escrevendo as agrúrias casamenteiras. Fica a grande dúvida, não foi a Austen a primeira grande sonhadora nojenta?
Ah, tudo valeu de alguma coisa. Nem Adolph compactuaria com esses casamentos errados que geram traições. Ela era fiel a sua Eva Bruan.

Zieg Heil!

sábado, 8 de agosto de 2009

"Felicidade foi se embora e a saudade no meu peito ainda mora..."

Vou aproveitar essa dia deprimentemente chuvoso e meu estado de quase suicida-racional para escrever sobre aquilo que eu e a torcida do flamengo queremos: a Felicidade.

What the fuck is felicidade? Vou lhes dizer sob a minha ótica realista-biológica. Ela é o artifício que nos impede de nos matar desde o instante que nós nascemos. Nosso cérebro ainda muito orangotango carrega consigo o traço que se criou no decorrer da evolução das espécies mais desenvolvidas. À medida que surgiram organismos mais complexos e com certa medida de racionalidade e não o puro instinto, a felicidade foi o mecanismo emocional desenvolvido no cérebro para justamente fazer dessa vida algo prazeroso em algum sentido. Para que a batalha no batente valha de alguma coisa.
Sensação de complitude, de utilidade e de propósito, todos esses só tem significado porque nosso cérebro lhes atribui uma reação química que gera sensação de prazer. É por isso que ficamos aqui. Se fossemos pura Razão, perceberíamos que essa luta do dia-a-dia para sobreviver não tem significado nenhum para o indivíduo no seu tempo de existência na Terra. É perda de tempo, um esforço enorme para gerar ATP. A vida humana só tem verdadeiro significado no perpetuar dos genes, na manutenção da espécie e em ser uma ponte para o prosseguir do rio evolutivo. Somos meras carcaças para armazenamento do DNA, nada mais. Ele quer se perpetuar, ele se acha muito importante, é um ácido desoxirribonucleíco totalmente egoísta. Nós não somos nada. Sendo nada, não temos motivo para viver além da perpetuação genética.

Ok, existem outras perpetuações. Os sujeitos dotados de megalomania querem entrar para os anais(ui) da História. Deixar marcas. Gritar "eu estive aqui!". Querem ser como o Pelé em seu DVD, ou seja, Eternos. Perduram pela informação, pela cultura. É aí que o ser humano se elevou em relação ao resto das espécies. Não só genes podem perdurar, os memes(unidades de informação) podem cumprir esse papel. Estamos indo além do campo básico do entendimento biológico agora.
Veja bem, a Razão humana pode escapulir à rédea dos neurotransmissores que fazem as emoções. A Razão pode ganhar da Emoção. Ou você acha que treparia tanto se não houvessem pílulas e camisinhas? Então, estamos nos aproveitando dos mecanismos antigos da produção de emoções para nosso bel prazer e burlando as regras biológicas da reprodução das espécies. Entretando, ainda estamos atrelados à geração de prazer quando tentamos alcançar a perpetuação memética. Não fosse o prazer de se um dia ter a fama de um Getúlio Vargas, ninguém tentaria começar carreira nenhuma. Novamente a perpetuação, seja lá qual for, está atrelada aos "neurotransmissores da alegria" do nosso cérebro.

Sabe, um filme de suspense que ninguém deve ter achado com algum grande significado filosófico é o The Happening(Fim dos Tempos). Não leiam o restante se quiserem ter supresas assistindo a película.
Sim, ele tenta ter uma "mensagem" de presenvação da biosfera representando uma catástrofe muito criativa em que as plantas se sentem ameaçadas pela destruição do seu ecossistema e acabam por desenvolver uma toxina que mataria os agressores seres humanos. O fato muito mais interessante para esse texto vem de como essa toxina age sobre os homo-sapiens-sapiens. Ela não é um simples veneno que paralisa o sistema nervoso e por consequência as funções vitais. A toxina age diretamente sobre uma parte do cérebro que nos impede de nos mutilarmos, machucarmos e matarmos. Há a perda da sensibilidade da dor e uma estranha compulsão pelo suicídio. Todas pessoas afetadas querem se matar o mais rápido possível. Por que isso?
As plantas tiveram uma inteligência fora do comum(como se elas tivessem algo assim) para perceber que a vontade humana por continuar vivendo está atrelada à padrões químicos produzidos pelo cérebro. Dessa forma, elas tiram a capacidade de "produção" de felicidade e assim o cérebro entende que não há sequer esperança de obtê-la ao longo da vida humana. Acabando com a esperança, acaba-se com o fio que nos faz querem viver. Viver pra tentar ser feliz. Sem essa possibilidade, o ser humano afetado logo entende que sua vida não vale nada, prosseguindo para um racional suicídio.

Cinéfilos, podem voltar à ler

A existência humana se resume em desejo de perpetuação, seja genética ou memética. E a perpetuação só faz sentido se unida de sentimento de prazer e alegria. O cérebro está lá, com esse atrelamento programado diretinho. Busquemos a felicidade e assim continuemos fazendo filhos para manter os genes! Aquela parte de construir pirâmides e sermos um Tutankamon é a rebeldia humana em relação à ditadura dos genes. Aproveitemos bem, pois aí que está a Razão que nos separa do resto de toda cadeia evolutiva anterior à nós. E melhor, sem perder a caravana da alegria dos neurotransmissores.

Portanto é a esperança da obtenção do prazer em algum sentido que nos permite não acabarmos com nossas vidas em qualquer instante. Esperança acima de tudo, porque há pessoas que simplesmente não conseguem alcançar um grau suficiente de felicidade para justificar a sua existência e mesmo assim não se suicidam. Elas ainda tem esperança de, quem sabe, ainda recebir a alegria em sua porta. Eu me mantenho nesse time. Um pessimista que é um esperançoso incorrigível.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Inimigos Públicos? Sim, Michael Mann tá na minha lista negra do FBI

Já foi há algumas semanas que fui assisitir "Inimigos Públicos" no cinema. Pois bem, essa semana abri o guia de filmes e qual é a minha surpresa quando entre as estréias vejo um filme com quase exatamente o mesmo nome. No caso era "Inimigo Público Nº 1 - Instinto de Morte". A grande diferença é que o título original entre parênteses precisa ser pronunciado fazendo um biquinho: L'instinct de Mort

Veja bem, é um filme "de ação" francês. iiih, já vi. Certo que tem um trailer eletrizante que se torna uma grande enganação para o público. Na verdade deve ter um bandido-filósofo-existencialista que pondera se a pistola que ele empunha em um assalto existiria na condição de arma se não fosse possível apertar o gatilho. Ou, qual a razão de ele dispor da possibilidade de ser um fora da lei? Seria uma brecha proposital no "Sistema"? Seria mero acaso? Seria o alcançe da verdadeira Liberdade? Ah claro, toda essa discussão se desenvolveria em planos longos e estáticos, onde alguém aparece fumando e olhando uma janela, tudo com uma narração de uma leveza e calma digna de uma massagista de heiki.

Bom, aviso ao leitor que, como diria o glorioso pensador futebolísico Kleber Machado, "o mundo mudou". Esqueça Godard, Jean Renoir, Truffaut e o escambal. Tem tiro, sangue, explosões e adrenalina. Tudo entregue pela direção muito boa do Jean-François Richet e um roteiro pé no chão, sempre interessante e inteligente adaptado do livro escrito pelo próprio ladrão da história, Jacques Mesrine.

Ué, mas isso tudo de "tiro e sangue com qualidade cabeça" não deveria ter sido o Inimigos Públicos do Michael Mann? Pois é, não é. Digo que esse diretor/roteirista/produtor está em decadência. E não vão pensar que tenho alguma picuinha com o estilo dele, longe disso.
O Michael Mann's "Colateral" ao meu ver é uma obra-prima não muito reconhecida como tal pelo público. Roteiro completamente surpreendente, cuidado com possíveis escapadas à realidade hollywoodianas, diálogos excelentes, inteligência, reviravoltas. Existe algo nele que o faz muito mais que um membro do sub-gênero "filme de bandido".
Dito isso, da mesma forma que a carreira de Michael Mann decai, Inimigos Públicos começa muito bem, mantêm-se por algum tempo e depois vai progressivamente descambando. Dá pra aguentar até numa boa por 2/3 do filme, mas o 3º ato... credo, quanta pieguise. Roteiro e direção. Porra, pra que aqueles slow-motions?!
Algo ocorre, Mann achou que precisava ser mais "old school hollywood" e tratar a platéia como se tivesse 12 anos. Opa, a censura do filme é 16. Ruim essa, erraram feio.

O caso de sucesso do L'instinct de Mort se repete em outro filme do qual já escrevi, "Baader Meinhof Komplex". Filme alemão(produção Alemanha/França/Rep. Tcheca) com mais violência que o Inimigos Públicos. Ele também é uma recriação de época (ok, essa foi mais fácil porque nem foi preciso encomendar ternos e roupas de cabarè da década de 30).
A violência maior não é sinal de estupidez. Ela é retratada de maneira tensa e suja para aplacar e não agradar catarsicamente a uma platéia sedenta por sangue e tragédia. Há sempre pensamento crítico.

Conclusão: filmes com ação e efeitos especiais mais tradicionais(sem 3D e CGI) não valem mais a pena na Hollywood atual. Produções estrangeiras hoje tem financiamento suficiente para ter qualidade técnica equiparável e sabem fazer fotografia, roteiro, música, direção e montagem com eficiência, mais inteligência e perfeição, sem os exageros/bobagens/melosidades que hollywood insiste em usar achando que é isso(uma simplificação perigosa) que o público quer.

Será que o caminho para o mundo realmente é a globalização? Para o cinema, é o que parece. Apoio e parcerias internacionais vem construindo obras melhores em todos os sentidos. Esse texto aqui pode servir como um "The International Manifest" para defender as co-produções multipolarizadas. Invento esse nome à partir de outro filme recente, "The Intenational". É mais um filme com tiros e ação muito bem feito e inteligente, que mesmo falado em inglês e contando com Clive Owen e Naomi Watts, teve uma baita cooperação com a Alemanha. Adivinhe o resultado. Resposta é óbvia: é uma co-produção! Logo, qualidade.

L'instinct de Mort
é só a primeira parte da cine-biografia da história real de Jacques Mesrine. Foi uma co-produção França/Canadá/Espanha, com locações em todos esses lugares. Mal posso esperar pro próximo. Já o próximo do Michael Mann, uh, deixa pra uma próxima.

Viva o neo-liberalismo, a globalização e os cineastas sem fronteiras!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Professores, pra que te quero

Só pra reinterar, continuo achando os professores uma das classes mais guerreiras e mais mal pagas da sociedade inteira.

Só um exemplo: uma professora com duas graduações de nível superior, uma pós-graduação e com dois cursos de capacitação de 42ohrs. Um professor paga R$3500 para poder fazer um curso e ganhar depois 10% do básico. Muitas vezes o extra no salário chega só até R$40, com vale-refeição.

Um deputado com pós-graduação ganha a mais no salário R$ 1800,oo

Que a Força esteja com ela

Pra ser alguém realmente do contra, venho lhes escrever sobre a governado Yeda Crusius de maneira positiva. Ser oposição é falar dos erros dela, mas não é ser do contra falar mal dela pois anda muito fácil detestá-la pelos fatos explorados pela mídia. Não critico a mídia como um todo, acho que ela tem o papel de escandalizar certos coisas como maneira de fiscalizão. Não posso falar mal da mídia que isso também é clichê, não é do contra o suficiente.

Vão aí alguns dados que aparentam ser verdadeiros no (des)governo Yeda:

Apesar da controvérsia que já ocorreu quando queria-se implantar mais alunos por salas para os colégios públicos, também aprovou-se a Lei Yeda, que fez reajuste de 17,4% dos salários para professores.

Déficit Zero(ok, não são todas contas, mas já foi um avanço)

e muito em graças à esse déficit que houve recuperaçã da capacidade produtiva no estado, obras públicas como a próxima ampliação da RS-118. Também com esse déficit, agora se pagam os servidores públicos em dia.

Bom era isso, não pensei que eu tenho alguma simpatia especial por ela mais do que por outros governantes, só achei interessante.

boa noite e boa sorte para governadora Yoda

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Humano, demasiado humano...

olha só, Charlie Kaufman era muito bom. Digo era, sendo um tanto reclamão, por não ter curtido o Sinedóque, Nova York que trocou a ironia pela complexidade narrativa, que conta com várias camadas. Achei meio pretensioso/exagerado, mas é louvável pelo tempo investido pra fazer um negócio daqueles funcionar(em partes). Isso infelizmente não faz um bom filme. Tava assistindo ontem mesmo o Assassinos Por Natureza, que apesar do trabalho do Oliver Stone em meter vários formatos de vídeo, estilos de direção de arte e fotografia, consegue ser bem chato. Larguei de mão, que já eram 3h da manhã. Ao invés dele, pra não dormir insatisfeito, troquei pro Natureza Quase Humana.

Pois bem(muito bem), ele foi a primeira parceria Michel Gondry na direção e Charlie Kaufman no roteiro. Dá pra entender porque deu tão certo, virou alvo de certo culto e tudo acabou desaguando mais tarde no Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças. Esse, sem dúvidas, um marco no mundo do cinema em geral porque pela primeira vez (em muito tempo, pelo menos) que se falou mais no nome do roteirista do que do diretor. Eu não sou "o" especialista, mas já falei com gente mais velha e eles atestam que pelo menos há um bom tempo não ocorria esse reconhecimento por parte dos cinéfilos e amantes de filmes. Isso tudo antes da quase-famosa greve dos roteiristas há um tempinho atrás. Isso foi um fato adorável porque eu tenho a crença que um filme bom começa com um bom roteiro que nem precisa ser dirigido pelo próprio criador da história.

Mais específico desse filme, tá tudo lá. Protagonista loser, poliedros amorosos, discussão dos medos/fobias humanas. Tudo levado com graça e ironia, inteligente sem ser um porre pro espectador mais ocasional. Valorizo muita essa diversidade de públicos, tanto cinéfilo quanto mais casul, cabeça e simples. É algo que o Tarantino também faz com outros métodos. Prefiro chamar de um filme estilo PopCult.
A discussão em voga é algo no estilo "o bom selvagem", levando ao questionamento das regras que regem a convivência humana em sociedade e as contradições que elas trazem para o nosso lado mais irracional. Eu preciso comer com os cotovelos não apoiados na mesa? (desculpem o meu way-of-life Rambo, mas juro que nunca entendi a moral do cotovelo)
Até que ponto essas regras são necessárias? Quais fazem sentido realmente pragmático para o dia-a-dia? Suprimir os nossos "fantasmas na máquina" não trazem mais problemas psicológicos do que se fossemos mais "naturais"?

Um pouco de regras e um pouco menos de medo pra se deixar levar por alguns instintos. Isso é vida boa, encontrar aquele ponto de equilíbrio. Nem 8 nem 80, 36 tá na medida, não? Cada um precisa pesar na balança da Justiça as ações e escolhas que tomar e ver o que vale a pena fazer por si e pelos outros em determinado momento.
Educação e comportamento são importantes. Atitude instintiva também. Afinal, instintos não deixam de ser habilidades naturais, alguns de nossos dons genéticos. E com educação, podemos desenvolvê-los e usá-los de maneira apropriada, pesando as escolhas com aquela Razão Iluminista que supostamente nos separa dos outros símios.
O embate dos lados racional e irracional do ser humana é eterno, cansativo e no fim das contas, bom. Só com essas fricções que se evolui.

Se nada der certo, o planeta vai ser mesmo dos macacos. Boa sorte pra eles.