domingo, 13 de setembro de 2009

Feedback Text for a Farewell Friend

As coisas mudam. As coisas vão mudar. Não, Bob Dylan, os tempos não mudam não. Presente é presente, mesmo sendo outro presente a cada instante. Futuro é pensar no que ninguém tem controle. Passado também. Ninguém muda, só se lembra, se alegre e se lamenta. E mesmo a nostalgia é um tipo de lamento. É pensar “como era bom aquele tempo”, o que pode implicar que o presente não é lá uma Brastemp.

As coisas vão mudar. Quando uma pessoa vai-se embora, pode não significar nada para 6 bilhões 547 milhões 678 mil 539 pessoas, mas pode ser importante para umas 50 pessoas, para 20. Ok ok, pra 5... ou pelo menos para mim. Sim, vai fazer falta. Vai criar nostalgia. Alguma coisa definitivamente muda. Muda em ti, muda em mim, muda na família, muda no ambiente. Muda nos cafés das sextas-feiras a tarde, nas madrugadas com filmes e ao lado do piano. O pessoal não vai mais falar da vida alheia da mesma maneira, vai faltar aquela indelicadeza sem pudores e sem noção que eram ótimas.
Saudade, dizem os patriotas, só existe em português. Besteira, gringos falam “I miss you” e vale a mesma coisa. Estando na Alemanha vai ser “sensucht”. Não se faz necessário um tradutor de pensamentos. O sentimento vai ser o mesmo. Eu pelo menos vou estar desse jeito e acredito que tu também. Tu entre um chucrute e outro, eu entre uma feijoada e outro. Ou vice-versa, milhares de kilômetros de distância não impedem que tu encontre uma Maria e um Zé da Silva com grãos de feijão, Guaraná Antártica e erva pro chimarrão. Quanto a mim, pelo menos chucrute em lata tem na São Leopoldo Fest.

Que posso desejar nesse momento além de uma boa estadia, bons papos em cafés estilosos com filósofos críticos de Frankfurt e com físicos judeus que gostam de bombas atômicas. Paciência com as criancinhas. Dê um abraço no Wim Wenders e no Werner Herzog se eles derem alguma aula na faculdade de cinema. Documente as coisas legais ao menos em lembranças de nitrato de prata nos rolos de super-8 de alguma câmera. Apresente pras pessoas os Mutantes, o Júpiter Maçã, Legião Urbana, Barão Vermelho, O Villa-Lobos, o Capitão Nascimento, o Zé Pequeno, o Jorge Furtado, o Caetano, o Vitor Ramil... ah claro, só não vai esquecer do Raul e do Teixeirinha, por favor!

Enfim, enfim. Lembranças, nostalgia e saudade são o que ficam. Muitas alegrias sem dúvida. Como conclusões de textos sempre soam repetitivas vou falar o que tu já sabe. Das poucas coisas boas que meu ensino médio me proporcionou foi a chance de te conhecer Gabriela Riffel. Pessoa ímpar de fato. Não, ímpar não, vamos deixar isso mais grandioso. Tu ta no nível de número primo pra mim. Se encontramos numa época que eu precisava encontrar alguém assim como tu é. Um número primo num mar de divisores e zeros à esquerda. Tu sempre foi muito mais. Tá, chega dessa matemática que já ta me dando náusea. Auf Wiedersehen.

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