sábado, 19 de setembro de 2009

O Silêncio dos inocentes



Tenho que dar um certo destaque à região dos balcãs. Ainda me indago como aquela região vista como desolada e atrasada do leste europeu consegue fazer filmes tão impressionantes. A bola da vez vem novamente da Romênia, uma espécie de pólo da região além da Sérvia que já é famosa pelo excelente cineaste e músico Emir Kusturika. É um local no mínimo pitoresco e que serve de cenário visual e cultural de maneira incrível, algo muito além do Conde Drácula.

A fita, nem com vampiro nem de tirror, chama-se "Casamento Silencioso". Não sei se a tradução é fiél, mas serviu muito bem. Aliás, várias cenas tinham piadas muito bem transpostas para o português, trabalho impressionante do pessoal da tradução.

Tudo se passa num vilarejo romeno do interior do interior, nos bons tempos do bigodudo camarada Stalin. Bom, tem um pouco de tudo no filme. Crítica política, viajem ao distante com cultura pitoresca, um tanto de drama, realismo fantástico e muita comédia. Comédia da boa mesma, nada óbvio ou estilo comédia dramática que só gera sorrisos e não risadas de verdade. É engraçado pra cacete. Atentem-se para a cena da festa de casamento, é cinema-mudo do Chaplin com a diferença de ter efeitos sonoros. Lindo, lindo e de chorar de rir. Aliás, estou achando que o tal de Horatiu Malaele, o diretor, tem muita inspiração no cinema mudo. Além de momentos que tornam-se fotos preto e branco, há toda uma sequência feita à cópia das comédias pastelão do cinema mudo. Aula de audio-visual, saber passar a história com o mínimo de diálogo possível.

Destaque extra para a parte sonora, tanto o cuidado com a quantidade de barulho e efeitos sonoros como para a música. Música dos balcãs, nem preciso dizer, é maravilhosa. Começou a ganhar o mundo com a banda punk-cigano Gogol Bordello e com o grupo Beirut, que teve uma canção transformada em música tema da mini-série brasileira "Capitu". A construção do som é genialmente concebida fazendo uso de diálogos muito barulhentos e com música de fundo, até o momento que o tal silêncio do título aparece na história forçando não só os personagens como o espectador a se acostumar com os novos sons e depender de outros sentidos para compreender a situação.

O decorrer dos eventos é muito bem orquestrado também. O humor é predominante e também mutante, indo do conto de piadas cotidianas até aquelas sequências estilo cinema-mudo que já falei. Passando também por humor bizarro com doses de realismo fantástico e misticismo. Os moradores da vila são memoráveis. E quanto ao drama, os momentos hilários só ajudam a fazer as tristezas pontuadas ainda mais difíceis de engolir. Tudo é motivo de rir e de chorar num panorama cultural e histórico de um pequeno país que parece muito mais distante do que realmente é. Da minha parte, é outra obra-prima romena.

trailer: http://www.youtube.com/watch?v=vDKT8Akmqv0

Film bun pentru tine!

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