domingo, 10 de janeiro de 2010

Pare, olhe, escute, registre...

Estava pensativo essa tarde na casa dos meus avós, enquanto que ambos cochilavam. Meu vô deitado no sofá, roncando. Minha vó dormindo sentada. Sem roncos. Lendo a Superinteressante tive um pensamento sem conexão nenhuma com a matéria sobre o porque do ano-novo. Alguma iluminação divina, um download cerebral que demorou pra concluir? Não faço ideia, tudo que sei é que me surgiu a frase: "Observar o mundo e registrá-lo".

Direcionei minha corrente de pensamentos pra essa frase e concluí que ela é a maneira mais resumida que já consegui para definir o que gosto de fazer nessa vida. Observar. Registrar. Sim, já quis fazer cinema. Faço Publicidade e Propaganda nesse momento. A ideia original não morreu, muito pelo contrário. É praticamente só o que penso em fazer. No máximo adiei. Enfim, já me passou pela cabeça fazer Jornalismo. E História. Antropologia. Sociologia. Filosofia até. Pra essas últimas quatro eu só poderia dar aulas pra viver, que é algo que eu não me acho capacitado. Pra Jornalismo, hmmm, acho que foi desistímulo vindo da experiência da minha prima formada na profissão.

Agora pense bem. Todas são alguma extensão da frase "observar e registrar". Um registro é uma maneira de repassar informação. Transformá-la em algo mais tátil, um fragmento que resuma um ponto de vista sobre um determinado fato. O registro tem o poder de síntese.
No exemplo de uma guerra, ela pode acontecer mas é necessário alguém registrar isso, caso contrário futuramente ela será esquecida. Se é esquecida completamente, é como se nunca tivesse acontecido. A posteiriori, quando noticiada, ela vira algo real. E aí está o poder da síntese. Transformando-se um evento gigantesco em partes menores de informação, seja um livro, um texto, uma foto, é possível registrar o fato histórico para a posteridade. É um resumo, um azulejo em um mosaico maior. A cena de um filme que vale pelo filme inteiro.
Usando novamente o exemplo guerra, imagine a clássica foto de uma bandeira dos Estados Unidos sendo erguida no topo de um monte na ilha de Iwo Jima, durante a ofensiva norte-americana no Pacífico na Segunda Guerra Mundial. Ela foi tirada em um dia relativamente mais calmo do conflito, antes da batalha pela conquista de ilha terminar. Acabou que ela serviu como registro da vitória naquela batalha. Posteriormente, serviu para representar toda a campanha americana no Pacífico. Ela é uma síntese para tudo isso, mesmo quando não represente completamente cada um dos eventos.

Pessoalmente, ainda não sei muito ao certo como realizar esse observar e registrar na minha vida profissional. Afinal, não é mentira que a publicidade tenta contornar a realidade o máximo que ela pode, apagando pontos negativos do produto, etc. Entretanto, o registro histórico não deixa da fazer a mesma coisa. A foto de americanos vitoriosos na SGM enche de orgulho pensando na brvura dos soldados. Só que só a abravura dos americanos. A bravura dos japoneses pode ser esquecida. A covardia dos americanos também. Esse é lado perigoso da síntese. Ela pode simplificar demais. Além do mais, nunca se tem controle sobre a interpretação de quem veria a foto.

Enfim, acho que tudo é uma questão de o que mostrar. Numa era de cada vez mais acesso à informação, uma empresa não vai enganar o mundo por muito tempo. Assim, é possível registrar as características realmente boas de seja lá qual for o anunciante de uma propaganda. É um registro de como é o produto/serviço. Além do mais, vez que outra surgem propagandas que tem um conceito criativo e que influenciam a cultura geral. Ou no mínimo embarcam na cultura geral e mostram alguma característica do momento. Isso também é um registro. E é pra isso que eu quero trabalhar.

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