sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Salvou quem?




Estética pós-apocalíptica, um pouco de steampunk(tecnológico e retrô ao mesmo tempo) e goticismo dignos de uma produção do Tim Burton. Toques à Segunda Guerra, governos totalitários tanto nazistas quanto comunistas. Isso é um pouco da viajem estética para quem assistir "9". Com o subtítulo no Brasil de "A Salvação", posso dizer que a direção de arte e os criadores do visual 3D são o que fazem a salvação desse filme. De início parece que vai ser um Wall-E mais sujo, adulto e sombrio. Depois se conclui que realmente Wall-E continua sem comparativos.
O que ocorre é que o grande trunfo artístico das imagens e design de cenários e personagens gera uma espécie de narcisismo, já que o desenvolvimento do roteiro deixa a desejar. Personagens simplistas e cartunescos, situações forçadas e muito "prontas" e enfrentamentos sem grande criatividade, a não ser na aparência das máquinas maléficas.

Algumas referências bacanas ficam por conta da arquitetura gótica da igreja e da mansão. As trincheiras com arames farpados abandonados lembram muito a Europa arrasada pós-Segunda Guerra. Há a Máquina, uma mistura de HAL do "2001 - Uma Odisséia no Espaço" com a aranha mecânica do filme "As Loucas Aventuras de James West". Também há uma cena que uma vitrola toca "Somewhere Over the Rainbow", para os maiores fãs de "Mágico de Oz" e outra cena que mimetiza o mito grego do balseiro do Rio do Tártaro. Um paradoxo interessante é que os robôs protagonistas são a única coisa que restou da humanidade. Para sinalizar isso melhor, eles são mais orgânicos, aprecendo mais bonecos de pano voodo do que feitos de engrenagens. No final, uma simulação de como seria o (re)começo da vida na Terra, até interessante. Enfim, pelo menos pude me distrair com esses elementos além dos belos visuais.

O filme sofre principalmente no quesito de qual público alvo enfocar. Um desenho animado para crianças? Não, muito sombrio, muitas cenas de tensão. Animação adulta então? Também não parece, com aqueles personagens tão clichês e bobos como um velho carrancudo e conservador, o mocinho que quer fazer do impossível o possível, um troglodita burrão...
Na teoria, uma ambiguidade dessas eu nunca consideraria um aspecto negativo. Soaria mais como um aspecto diferente e inovador. Na prática foi outra história. Fica aquele gosto de chocolate amargo na boca.

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